Supervisora iniciante

Autor

Super

Publicado em

09/09/2021
4 Comentário

Que início!

Escrevo meu depoimento com chuva batendo nas brasilites da sala 24. Turma 43. 5 alunos em processo de alfabetização. Não deveria estar aqui, mas no magistério a gente atua em todo lugar, não importa a formação.

Sou professora de História a um bocado de tempo. Tempo suficiente para dividir a sala de professores, com ex alunos da escola em que atuo. Hoje são professores. Talvez as escola não tenha sido tão ruim. Voltaram para cá, como alternativa profissional.

Não deveria estar na sala 24. Estou na supervisão da escola. Mas, não contamos com substitutas suficientes para a demanda. A professora adoeceu e estou aqui, quebrando um galho. E, lá na salinha escondida entre a sala de professores e secretaria, a papelada acumula.

Viva a burocracia! Que só aumenta com a pandemia. É planilha para tudo é plataforma pra tudo. É tantas formas de controlar ou tentar que inventam.

Aqui o cargo de supervisão compõe equipe diretiva, a qual deve ser eleita pela comunidade escolar.

A pandemia aproximou as famílias da escola, mas nos sufocou com uma carga horária insana. Atendi ontem uma mãe às 20:30. Me ligou reclamando do acesso a plataforma.

Perdão, meu horário vai até às 17:00.

Cobra-se insanidades. Invade-se espaços. Tô aqui teclando. E eles não conseguiram terminar de copiar o que a professora regente planejou.

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Luciana Albuquerque
Luciana Albuquerque
editor
3 anos atrás

Lindo e forte o seu relato. Mas sua frase inicial “Não deveria estar aqui” ficou na minha mente. O que isso pode provocar em nós? O desejo de começar algo novo, de estar lá na salinha escondida entre a sala dos professores e a secretaria diante do barulho da chuva na janela da sala 24… Espero que por hoje você consiga realizar aquilo que planejou quando saiu de casa, que o novo floresça com a força do seu desejo. Força!

MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS
MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS
3 anos atrás

Olá Super
Acho esse seu nome muito expressivo: somos super, mas não supermulheres, mas super seres que insistem e resistem, uma força de viver, uma força para viver! Força para gerir tantas adversidades nos indica que somos SUPER! Vivos e SUPER! Muito bom compartilhar suas questões! Nossas conversas podem alimentar essa dimensão SUPER em nós! Sigamos!!

Fernanda S. Amador
Fernanda S. Amador
editor
3 anos atrás

Super! Iniciante! Que linda imagem, prof! Ser “super” justamente porque se “inicia”….lembro do Chico Buarque que diz gostar de se sentir sempre “começando”…que gosta de “começar”! Ser supervisora sob certo aspecto pode ser tomado como ser alguém que “sabe” das coisas, alguém que pode responder e resolver os problemas mas “fazer-se super” do ponto de vista daquela pessoa que “sabe-se começando” pode indicar que a habilidade de colocar os problemas pode ser uma instigante aventura de criação de si, de mundos, de supervisionar, de modos de trabalhar em educação! Que alegria ler seu relato!

Daniel Fernandes
Daniel Fernandes
Admin
3 anos atrás

Olá Super (que é um nome curioso, do que sobrevoa, do que está ou faz para além, e acho que tu também fala disso, não?). Fico em dúvida se converso mais ressaltando o nome de super[visora], ou o de iniciante. Também é um lugar bonito (mesmo que muitas vezes sofrido) de ocupar.
Talvez tenha algo aí de um olhar que consegue ir além por que chega novo, ainda se encontrando e habitando um lugar? E aí o lugar também tem essa oportunidade de ir se iniciando…

E isso que talvez nem se devia estar aí, na sala 24. Mas que bom que nos encontramos contigo e com teu relato, nesse estranho aqui desse estranho agora, voltando a escola (que talvez não tenha sido ruim, já que também voltamos). Mas podemos nos perguntar o por que voltamos, nós, professores, supervisores, interessados em educação, pesquisadores, alunos…

Também pontuas isso de, para além desse lugar que se volta, e se ocupa, e se forma e se encontra colegas, a escola é um lugar em que se ensaiam e produzem controles. E agora, mais. Esse espaço aqui (que é, mas também não é, a sala 24) talvez também possa ser um lugar onde a gente fala dos controles e como eles nos afetam, como nos esquivamos ou nos ajustamos a eles, como eles conformam, reformam, deformam nosso trabalho… Será que também não corremos um risco de ser controle (como professores, como pesquisadores, quiçá até alunos? Tudo pode ocorrer nessas redes e abaixo das telhas de brasilite), até reformações e reinvenções de funções nas escolas (esses lugares em que se cobra, se invadem lugares e horários [e vivências], se consegue trabalhar e não se consegue copiar tudo que está no quadro, se inventa…).

E aqui (agora sem chuva), nos encontramos. Esperamos poder contar contigo nessa conversa, Super. Temos algumas outras colegas contando suas histórias e aventuras na educação aqui nesse espaço (e, de algum modo, também iniciantes, ao menos nesse espaço). Tomara que não invadamos de má forma os tempos e espaços, mas que inventemos encontros potentes pra pensar esses mesmos tempos e espaços de interesse.

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