Duante a pandemia, acredito que a vida de todos mudou, sobretudo no que se refere ao trabalho. Muitos professores tiveram que se adequar a uma nova realidade: o ensino remoto e suas ferramentas. Sim, muitos não estavam familiarizados com elas. E isso rendeu o dobro ou o triplo do trabalho, ou mais. Particularmente, me abri para essa nova realidade, contribuindo para uma modalidade de aula mais democrática: as aulas pela TV. A pandemia foi momento de introspecção e reflexão, alguns, como eu, aproveitou esse tempo para se aprimorar, o ócio aumentou a sede pelo conhecimento. A pandemia trouxe sofrimento para inúmeros lares, inclusive para o meu. O trabalho? Foi válvula de escape. Enfim, o trabalho foi causa de muito estresse, foi divisor de águas nas tomadas de decisões, mas também manteve a mente ocupada nos momentos mais difíceis. O trabalho remoto nos livrou de relações interpessoais difíceis. Os momentos anteriores à pandemia, o lidar com essas relações pessoalmente, certamente faziam a labuta mais pesada. E nesse contexto, trago a importância que para mim foi, participar dessa Roda de Conversa. Sabemos que o trabalho adoece, mas é importante sentar para diagnosticar as causas. Passar algumas tardes expondo problemas que achamos ser pontuais, e descobrir que esses são compartilhados por outros funcionários, em unidades diferentes, é no mínimo… esclarecedor. E sim, eu usaria a palavra “reconfortante” se uma Roda de Conversa fosse uma realidade dentro das unidades escolares. Parar para conversar sobre os problemas reais da escola. Por que isso não acontece? Por que preferimos entubar tudo e continuar doentes? A Roda de Conversa foi importante para me mostrar o quão lesados saímos justamente pela ausência de uma conversa sincera e sóbria sobre os reais problemas que trazem sofrimento e peso á nossa labuta. Obrigada, meninas, por nos abrir os olhos e chamar a atenção para um problema tão grave e que afeta e muito a saúde do trabalhador. E obrigada por nos mostrar que uma ferramenta tão simples pode ser a solução de todo esse agravamento. Obrigada pelas tardes incríveis e pela troca maravilhosa.
Obrigado por compartilhar sua história e pensamentos conosco, Angie! Muito bom saber que as estratégias da pesquisa tem gerado conforto, e também possibilidade de análise para pensar o trabalho.
Esse tempo todo do ensino remoto em função da pandemia tem gerado toda uma reconfiguração nos modos de se relacionar, isso em amplo espectro. E isso é especialmente forte em um trabalho que lida diretamente com a produção e sustentação de relações enquanto instrumento de trabalho. Acho muito importante a pergunta que fazes quando diz que
“Parar para conversar sobre os problemas reais da escola. Por que isso não acontece?”
Quem sabe tentamos ir ensaiando respostas pra isso? Talvez seja um passo para que possamos pensar em como incorporar nesse trabalho de produção de relações ferramentas, mesmo que simples, que se ocupem de olhar pra isso, que nos permitam o tempo para esse cuidado do trabalho.
E bem, muitas questões podem vir daí, pensando esse tempo de introspecção, muito trabalho, mas também de alimentar o tempo que o ócio causa com experimentações e aprendizados: como fazer uma modalidade de aula mais democrática? E isso seria uma questão só pra agora, ou pode nos informar coisas pro trabalho em tempos mais “regulares”?
Sigamos pensando. Temos formado uma boa comunidade de pessoas com questões sobre o trabalho e ânsias de pensá-lo!