DROPS Analítico

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Publicado em

09/01/2025
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Letícia Coelho e Tiago Neves dizem no texto Sofrimento psíquico no neoliberalismo e a dimensão política do diagnóstico em saúde mental: “…as categorias diagnósticas de nossa época servem muito mais para capturar as formas hegemônicas de mal-estar e traduzir em uma gramática passível de normalização do que para expressar a natureza de uma doença mental. Tal hipótese tem imenso peso político, visto que uma razão diagnóstica totalizante corrobora para o esgotamento da capacidade de enfrentar conflitos, contradições e reinvenções, o que gera um cenário de dificuldades para lidar com a alteridade e com as contingências próprias da vida, que acabam sendo patologizadas” (p. 1). Em nossa pesquisa da memória do ofício docente atentamos para uma dimensão da saúde capaz de enfrentar os movimentos de normalização anunciados pelos autores. Trata-se de andar pela experiência da normatividade, conforme sugere Georges Canguilhem (2006), isto é, na dinâmica da experiência do trabalho, gerindo a distância entre o Trabalho Prescrito e o Trabalho Real, experimentamos a possibilidade de expansão de nossa potência no mundo, por onde a saúde afirma-se como possibilidade de instaurar novas normas para viver e trabalhar. Lida-se, portanto, com uma saúde afirmada no plano político do viver coletivo nas e a partir das contingências laborais, pela afirmação de uma clínica-política que gera um campo feito da valorização de normas próprias de vida no trabalho (SILVA E GOMES, 2016).1

1- Referências:
Coelho, L., & Neves, T.. (2023). Sofrimento psíquico no neoliberalismo e a dimensão política do diagnóstico em saúde mental. Saúde E Sociedade32(3), e220850pt. https://doi.org/10.1590/S0104-12902023220850pt