Nesta pandemia aprendi uma coisa: professor não tem hora para encerrar o expediente!
Perdi a conta dos dias que entrei noite adentro conversando com familiares de crianças… Pois na Educação Infantil é assim: ou acolhemos aos horários e possibilidades de contato que as famílias nos oferecem ou não temos contato nenhum com os pequenos!
Neste período foram inúmeras as tentativas de aproximação da escola com a comunidade escolar. Inventamos grupo no whatsapp, grupo no facebook, páginas nas redes sociais… Tudo que pudesse trazer visibilidade e contato rápido para com as famílias.
E nesse esforço todo de abraçar a comunidade, abraçar as crianças e suas inúmeras demandas veio junto a famosa ansiedade.
Nesta pandemia aprendi… professor não tem hora para dormir.
A ansiedade de não conseguir contato naquela semana com uma criança, a ansiedade de pensar em mil e uma possibilidades para -tentar- confortar as mulheres mães das crianças que percebiam a falta da escola na vida dos seus pequenos…
E assim minhas noites foram longas, divergindo em muitos pensamentos mágicos de um mundo que da noite para o dia voltaria ao normal, com uma escola acolhedora, integradora, formativa…
…E até hoje ainda não descobri o que é normal.
Bom dia, profe Helena! Como você está? Quando li seu relato senti vontade de te oferecer um chá de camomila ou de erva-cidreira para ajudar na desaceleração do corpo e no preparo para o dormir…
É impressionante mesmo como esta sobrecarga de trabalho nos horários inapropriados gera ansiedade e insônia!
Gostaria de preparar um escalda-pés pra você relaxar um pouco enquanto se organiza para o sono. Infelizmente não estou aí por perto para fazer este cuidado, mas se você achar que é uma boa ideia ferva 3L de água e coloque dentro de uma bacia. Você pode acrescentar 3 gotas de algum óleo essencial (a alfazema é recomendada para a ansiedade). Acrescente 5 colheres de sal grosso. Se você tiver bolinhas de gude em casa, pode colocar também na bacia, pois dão uma efeito relaxante.
Espero que a gente possa seguir se acompanhando e se posicionando politicamente pra que tenhamos condições mais dignas de trabalho neste tempo tão desafiador… Um abraço!!
Isso é acolher , e ter sensibilidade com o próximo.Parabéns PROFE e Cristiane
Profe! Esse “até hoje não sei o que é o normal” que tu referes diz, me parece, de alguma coisa que acontece “no meio” mais do que “no fim”. A vida da gente é sempre “uma feitura”, um transbordamento de normas que não cabem na vida como potência. A pandemia nos colocou fortemente nessa experiência de “fazer a vida brotar” em meio a tanta restrição…que outro trabalho docente é esse que estamos produzindo? Precisamos mesmo contar umas para as outras essa artesania de nós mesmas, de um trabalho e de um outro mundo que ora se faz pra que possamos discutir seus efeitos éticos e políticos!
Olá, Professora Helena. Obrigado por compartilhar sua história com a gente.
Realmente, te lendo me parece que a experiência dos professores se marca em parte por muitas privações e incertezas, e sobretudo uma briga com o tempo… sem hora pra encerrar o expediente (e educador se é o tempo todo, ouvi), sem hora para dormir, sem certeza de que os contatos tentados acontecem e sem saber o que é algum normal (e mesmo que um normal só possa ser incômodo, nenhuma normalidade, ou nenhuma referência de norma pra seguir, ou mesmo transgredir, é invivivel!).
Acho que escuto que tem urgências em descompasso operando aí: essa que produz ansiedade, essa que atropela os horários, essa percebida pelas famílias quando de uma possível ausência da escola (que se quer fazer presente). Como fazemos para afinar urgências na produção de uma educação? Fica a pergunta, e a esperança de que outras histórias possam nos ajudar a achar e construir pistas. Talvez até algum normal provisório que seja compartilhável para com os colegas.